O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro,
reafirmou hoje (2), que “são coisas absolutamente triviais no cenário jurídico”
brasileiro conversas entre juízes, membros do Ministério Público e advogados.
Moro é ouvido neste momento por três comissões da Câmara dos Deputados:
Constituição e Justiça (CCJ); de Trabalho, Administração e Serviço Público; de
Direitos Humanos e Minorias.
“Vamos esclarecer que, na tradição jurídica brasileira, é
comum que juízes falem com procuradores, é comum que juízes falem com
advogados”, afirmou. “Isso são coisas absolutamente triviais dentro do cenário
jurídico”, acrescentou ao reiterar o que já havia falado no Senado, no mês
passado.
O ministro disse que consultou alguns colegas estrangeiros,
e também obteve afirmações de pessoas estrangeiras, que também não vislumbraram
qualquer maior ilicitude no conteúdo que foi divulgado pelo site de notícias
The Intercept Brasil.
Mesmo tentando minimizar o impacto do conteúdo, o ministro
reiterou que não reconhece o conteúdo das mensagens veiculadas pela imprensa e
que elas podem ter sido adulteradas. Para ele, até o momento, as conversas
atribuídas a ele “são um balão vazio cheio de nada”.
O ex-juiz ainda disse que entregou seu aparelho celular à
perícia da Polícia Federal que ele atualmente comanda enquanto ministro da
Justiça) e afirmou ter sido alvo de uma “organização criminosa criada para
prejudicar a Operação Lava Jato”.
“Não reconheço essas mensagens. Pode ser que alguma seja.
Pode ser que elas tenham sido totalmente alteradas ou parcialmente. Não tenho
como precisar”, afirmou o ministro.
Moro foi convidado pelas comissões para apresentar sua
versão sobre as supostas conversas que teria mantido com integrantes da
força-tarefa quando ainda era juiz da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba,
onde são julgados os processos da Lava Jato que tramitam no Paraná.
Durante os esclarecimentos na Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara (CCJ), nesta terça-feira (2/7), para defender sua aproximação
com a acusação e distância da defesa no caso que envolveu o julgamento do ex-presidente
Lula, Moro alegou que advogado de Lula era agressivo.
De acordo com ex-juizo, ele não se aproximou mais do
advogado do ex-presidente Lula por conta do “comportamento beligerante” do
defensor.
De acordo com o ministro, Cristiano Zanin, que defende
Lula, tinha um comportamento agressivo durante as audiências e Moro destacou
que chegou a dar conselhos ao advogado durante uma audiência.
“Adotava postura ofensiva, beirando as ofensas em
praticamente todas as audiências. Em uma audiência quis contraditar um acusado.
Falei com ele que era medida destinada a testemunha. Ele recusou. Isso é quebra
de imparcialidade?”, disse.