terça-feira, 1 de novembro de 2022

Cidadão que passou dois meses esperando uma amputação morre sem conseguir cirurgia no RN

 O senhor José Alves de Souza, descansou no último sábado (29). Aos 78 anos, Zequinha ou, simplesmente, 19, como era conhecido, faleceu após passar os últimos dois meses na fila por uma amputação na rede pública de saúde. O caso dele chegou a ser mostrado no Jornal das 6, com a promessa da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), de que ele seria operador nos próximos dias – infelizmente, isso não chegou a acontecer.

 Assim como outros muitos casos que acontecem no Rio Grande do Norte, Zequinha tinha uma série de complicações por causa da diabetes descompensada. Já estava cego há alguns anos, inclusive.

 Há dois meses, sofreu um arranhão no dedão do pé. Diante do problema crônico de saúde, a ferida rapidamente evoluiu para uma inflação mais grave. A família o levou para a Unidade de Pronto Atendimento de Cidade Satélite. Ele chegou a ser internado, mas o diagnóstico era claro: precisava de uma cirurgia para amputação.

 A fila imensa para essa operação, dado o fato do RN ter apenas o Hospital da PM, o HUOL e o João Machado para esse procedimento, fez com que o Zequinha ficasse dois meses esperando. O problema é que a doença não espera.

 A ferida no dedão se transformou em uma infecção que tomou conta do pé inteiro. Na semana passada, segundo familiares que entraram em contato com a 96 FM, já seria necessária amputar a pena completa. Mas nem isso ele conseguiu.

 Em contato com a Secretaria Estadual de Saúde, a pasta informou que houve um crescimento nos procedimentos desse tipo. Mas Zequinha já estava na fila para ser operado e a cirurgia deveria acontecer nos próximos dias.

 A resposta foi dada na sexta, dia 29. No da seguinte, a UPA de Cidade Satélite informou a morte. Mais um paciente que deixou a fila de espera por um procedimento cirúrgico. Infelizmente, não pelo jeito correto.

 “Infelizmente a cirurgia não chegou a tempo. O que era uma arranhão no dedo, resultou na partida do meu avô. A infecção do pé generalizou, comprometeu os rins e o pulmão, ele precisou ser entubado e não resistiu. Agora está com Deus”, desabafou Joice, neta de Zequinha, e uma das várias pessoas que entraram em contato com a 96 FM.