O judô, em seu último dia de disputas individuais, reservou
ao torcedor brasileiro a conquista mais aguardada dos Jogos Olímpicos. Beatriz
Souza, da categoria acima de 78kg, venceu a israelense número dois do ranking
mundial, Raz Hershko, e deu ao Brasil a primeira medalha de ouro em Paris. A
vitória é histórica também para a modalidade: pela primeira vez, uma brasileira
sobe ao mais alto lugar do pódio olímpico da categoria feminina mais pesada.
Com o resultado, o judô se torna a modalidade que mais deu
ouros a mulheres brasileiras e se isola como o esporte que mais deu medalhas ao
País. O ouro de Bia é a 27ª — e o número pode aumentar ainda nesta edição dos
Jogos. Neste sábado, acontece a disputa por equipes mistas. Bia entrará no
tatame mais uma vez, assim como Larissa Pimenta e Willian Lima, que receberam
respectivamente um bronze e uma prata no último domingo.
O judô brasileiro está no topo do pódio nos Jogos Olímpicos
de Paris-2024. Depois das derrotas sofridas de Rafaela Silva e Rafael Macedo —
que viram a terceira colocação ficar com seus adversários em desclassificações
polêmicas —, Beatriz Souza foi venceu o ouro da categoria acima de 78kg.
Quem é Bia Souza?
A judoca chegou às quartas de final da modalidade após
derrotar Izayana Marenco, da Nicarágua. Depois, nas semifinais, Bia eliminou a
francesa Romane Dicko, por ippon. Na final, a judoca derrotou a israelense Raz
Hershko, segunda do ranking mundial. Nas cinco lutas em que as duas se
encontraram, brasileira saiu vitoriosa.
Quinta do ranking mundial, Beatriz se faz presente em sua
primeira edição dos Jogos Olímpicos. Ela até participou da corrida pela vaga
olímpica de Tóquio, mas foi superada pela antiga representante da categoria:
Maria Suelen Altheman. No Japão, porém, Suelen lesionou gravemente o ligamento
do joelho, teve que sair carregada do tatame e se aposentou das competições.
Tempos depois, Maria Suelen tornou-se treinadora e Beatriz,
agora de 26 anos, ganhou como técnica sua antiga rival. No Esporte Clube
Pinheiros, local onde treina em São Paulo, Bia tem a chance de aprender com
quem tem experiência e conhece a fundo a categoria mais pesada do judô
feminino.
E apesar da pouca idade, Beatriz também chega aos Jogos de
2024 com experiência de sobra. Terceira colocada nos Jogos Pan-Americanos de
Santiago, em 2023, ela conquistou ainda o bronze no Mundial de Doha, no mesmo
ano. O resultado foi o mesmo no Mundial de Budapeste, em 2021, e pouco melhor
no de Tashkent, em 2022 — quando conquistou a prata. Nos Pan-Americanos de
Lima, ficou com o bronze.
Além de orgulho para o judô brasileiro, Bia pode dizer que
as várias medalhas são ainda um orgulho para a família. Depois de passar por
diversas modalidades na infância, a garota começou no esporte em que está até
hoje inspirada por seu pai, que por muitos anos competiu nacionalmente. Para
perseguir o sonho de ser profissional, a atleta saiu cedo de casa, aos 13 anos,
para ir de Itariri, no interior de São Paulo, para a capital paulista, onde
permanece até então.
Mais de uma década mais tarde, Beatriz Souza tem a chance
de entrar para a história e ser a sexta mulher brasileira a subir ao pódio da
modalidade. Após as conquistas de Larissa Pimenta e Willian Lima, no último
domingo, ela se tornaria a terceira judoca a conquistar uma medalha em Paris —
o que faria a delegação brasileira chegar a sua sétima medalha nos Jogos.
Bia encerra ainda as competições individuais da seleção
brasileira de judô. Com a derrota de Rafael Silva, o Baby, na categoria
masculina acima de 100kg, ela é a última judoca que tem a possibilidade de
ganhar uma medalha por si mesma pelo País. No entanto, as disputas do judô
continuam. Neste sábado, será realizada a competição por equipes mistas — e
Beatriz poderá entrar mais uma vez no tatame, em busca de novas realizações
para o Brasil.
Fonte: Estadão Conteúdo
Foto: Divulgação/IJF