Maior hospital do Rio Grande do Norte, o Walfredo Gurgel
fechou três de suas sete salas de cirurgia para abrigar pacientes nesta
quinta-feira (22). As salas de cirurgia estão sendo usadas como locais de
internação e portanto impedidas de serem utilizadas para a realização de
cirurgias. O cenário registrado nesta quinta, e denunciado pelo Sindicato dos
Trabalhadores e Trabalhadoras da Saúde do RN (Sindsaúde RN), é mais um da crise
de superlotação enfrentada pela unidade desde a segunda-feira (19).
De acordo com o levantamento do Sindsaúde, até a tarde
desta quinta-feira (22), oito pacientes estavam distribuídos em três salas,
sendo quatro na Sala 1 e três na Sala 2. Ainda conforme o sindicato, a terceira
sala abriga um paciente que aguarda vaga em uma Unidade de Tratamento Intensivo
(UTI). Outras 13 pessoas pós-cirurgiadas aguardam na Sala de Recuperação. Ao
todo, 21 pacientes são afetados pela situação atual.
A coordenadora do sindicato, Rosália Fernandes, explicou
que isso ocorre por conta da falta de vagas nas enfermarias. “Quando os
pacientes fazem as cirurgias, o certo era eles ficarem lá até passar o efeito
da anestesia e depois irem pras enfermarias, para os quartos. Porém, como não
há vaga nas enfermarias, os pacientes ficam acumulados na sala de recuperação”,
disse.
Procurada pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, A Secretaria
de Saúde Pública do RN (Sesap) confirmou a superlotação. Em nota, a pasta
afirmou que trabalha para desafogar a unidade, a qual recebeu mais de 6,4 mil
pessoas no pronto-socorro durante o mês de julho. A unidade apontou ainda que
casos de AVC e ortopedia apresentam aumentos de 27,8% e 10,3%, respectivamente.
O presidente do Sindicato dos Médicos, Geraldo Ferreira, vê
a situação com preocupação. Para Geraldo, a superlotação é potencialmente
perigosa para a saúde dos pacientes, principalmente porque haverá a formação de
filas para uso das salas de cirurgia restantes.
“É o caos completo, porque o Walfredo Gurgel é um hospital
eminentemente cirúrgico, ou seja, esses pacientes de ortopedia, de trauma, são
pacientes cirúrgicos. Na hora que você fecha três salas porque estão ocupadas
com pacientes, aí é um caos. Você pode ter situações, inclusive, que podem
haver óbito de pacientes. Por quê? Porque vai ficar fila pra ser operado nas
salas restantes. Então é uma situação de extrema gravidade que pode comprometer
e causar mortes. Isso é um fato”, afirma.
Nota da direção
“A direção do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel esclarece
que segue trabalhando, em parceria com a gestão da secretaria e hospitais da
rede, para desafogar a unidade, que vem passando por uma sobrecarga de
atendimentos. Entre a noite de segunda-feira (19) e a noite de ontem (21),
foram transferidas mais de 40 pessoas para outras unidades da rede, a partir da
disponibilidade de vagas de cada uma delas.
Em julho, o HMWG registrou recordes em atendimentos, com
mais de 6,4 mil pessoas recebidas apenas no seu pronto-socorro, aumentos
mensais substanciais em casos de AVC (+27,8%) e ortopedia (+10,3%), além do
número máximo na série histórica de acidentes envolvendo motociclistas, que
chegaram a 860 pacientes, 13,6% a mais que o mês anterior. A tendência mostrada
pelos dados em julho se mantém para este mês.
Ao mesmo tempo, o hospital está recebendo investimento de
R$ 9 milhões para a ampliação e reforma de setores, além da construção de um
novo centro cirúrgico, que chegou a 40% de execução da obra e vai dobrar a
capacidade atual do setor”.
Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Sindsaúde-RN/Reprodução