quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Ex-diretor do Ministério dos Direitos Humanos acusa Silvio Almeida de assédio moral: “socava mesa e dizia que eu era um merda”

 


O sociólogo Leonardo Pinho, ex-diretor do Ministério dos Direitos Humanos, acusou o ex-ministro Silvio Almeida de assédio moral em episódios que teriam ocorrido em 2023, quando os dois trabalhavam juntos no governo Lula (PT). A entrevista de Pinho foi ao site Metrópoles. Procurado, o ministro não se pronunciou.

Pinho afirma que a relação ficou tensa à medida em que ele contrariava Almeida. Os dois se aproximaram durante a transição de governo. Na época, o ex-ministro o convidou para comandar a Diretoria de Promoção dos Direitos da População em Situação de Rua.

Essa tensão se transformou em gritos e xingamentos por parte do ministro. Segundo o auxiliar, Almeida batia no próprio peito e na mesa ao se dirigir ao subordinado.

Almeida teria perdido o controle quando Pinho relatou queixas que vinham do Ministério da Igualdade Racial, em outubro de 2023. Ele ficou “irado” com as queixas sobre seu comportamento durante reuniões com a pasta comandada por Anielle Franco. “O ministro ficou descontrolado, transtornado, quando mencionei a Anielle”, diz Pinho.

Cinco meses antes, em maio, Anielle teria relatado a outros ministros que Almeida a assediou sexualmente.O relato era de que o ex-ministro passou a mão em sua perna por baixo da mesa em uma reunião no Ministério da Igualdade Racial.

Em outro episódio, Almeida teria intimidado Pinho. “O ministro me chamou para o gabinete dele, me disse que eu era incompetente e uma vergonha. Deu murros na mesa, bateu no próprio peito, foi agressivo, gritou, levantou da cadeira dele e veio do meu lado, a uns 20 centímetros, para me intimidar. Pensei que ele ia me agredir, me dar um soco”, afirmou.

No meio do ano passado, Almeida teria pedido a Pinho que gravasse escondido reuniões do Conselho Nacional dos Direitos Humanos. Ele queria saber os detalhes da elaboração das pautas e das críticas a seu ministério. “Respondi (…) que não gravaria ninguém. ‘Você é meu funcionário, vai fazer’, disse [Almeida]. Respondi: ‘Não vou fazer, e você tem um instrumento simples, a exoneração”, diz Pinho, que hoje é candidato a prefeito de Valinhos (SP) pelo PT.

Ameaça anônima

O sociólogo disse que decidiu dar entrevista após receber ameaça. Ele contou que, na semana passada, dirigia em uma rodovia quando recebeu uma ligação anônima no mesmo dia em que a denúncia original contra Almeida veio a público.

Segundo ele, uma voz masculina o intimidou: “Não vou aceitar. O complô vai ser desmantelado. Para de falar. O Silvio é sócio de grandes escritórios de advocacia. É sócio do Walfrido Warde”. E a ligação foi encerrada.

O que disse Pinho

[Almeida] me falou: ‘Você está insinuando o quê? Sou ministro de Estado, você é um merda’. Fiquei sem entender e tive medo de ele me agredir”, disse Leonardo Pinho, sociólogo, em entrevista ao Metrópoles.

Defesa do ex-ministro

Procurado pelo UOL, a defesa do ex-ministro disse que ele não vai se manifestar. “Não vamos comentar. Creio que devemos aguardar que o sistema de Justiça promova a devida apuração”, afirmou Thiago Turbay. Almeida também não respondeu ao Metrópoles. Em nota divulgada após sua demissão, ele disse que pediu para ser demitido pelo presidente Lula e que vai provar ser inocente das acusações de assédio sexual contra mulheres, incluindo Anielle.


O Fonte: Blog do BG com informações de UOL e Metrópoles

Foto: Filipe Araújo – Ministério dos Direitos Humanos | Divulgação