A primeira suplente de deputada federal do União Brasil, Carla Dickson, assumirá o mandato no Congresso Nacional após renúncia do prefeito eleito Paulinho Freire (União), e confirmou que não acompanhará parte do partido que integra a base aliada do governo Lula. “Eu vou para a bancada de oposição, não tenho nenhum motivo para ser governo”, declarou a suplente, que se manifestou de linha antiesquerdista durante toda a campanha do novo prefeito.
Carla Dickson afirmou já ter conversado com o presidente estadual do União, ex-senador e ex-governador José Agripino, a quem parabenizou “por ter sido grande vencedor e conduzir o partido com maestria” nos primeiro e segundo turnos das eleições municipais em Natal e no interior do Rio Grande do Norte e também com o presidente nacional da legenda, Antonio Rueda, a respeito de seu posicionamento político.
“Tiramos de vez a possibilidade de Natal ser administrada pela esquerda, o Brasil e o Estado já são suficientes para enxergarmos que a cidade precisa ser diferente e cuidada com responsabilidade”, antecipava nas redes sociais. A suplente Carla Dickson disse, ainda, que não conversou com o parlamentar sobre a vacância da cadeira com o deputado Paulinho Freire, o que deverá ocorrer após a sua diplomação na 1ª Zona Eleitoral, que funciona no Fórum Judiciário Eleitoral do Tirol.
A futura deputada lembrou que o fim de ano, é período de encaminhamento de emendas parlamentares e “por mais que eu tenha um compromisso de manter todos os acordos de Paulinho, deixarei que ele destine tudo que ele quiser, mas é uma prerrogativa dele de concluir o mandato até o último dia”.
“Claro, Paulinho tem as emendas dele lá que precisam ser monitoradas. Eu quero estar de perto, resolvendo o problema com ele, ajudando o prefeito de Natal a fazer nossa cidade crescer”, acrescentou ela.
A suplente Carla Dickson já havia assumido mandato de deputada federal, na Legislatura 2019-2023, a partir de 17 de Junho de 2020 e afastou-se em 22 de Dezembro de 2022, depois que o então deputado federal Fábio Faria havia deixado a Esplanada dos Ministérios no governo Bolsonaro, do qual ela foi vice-líder entre setembro de 2020 e janeiro de 2023.
Nesse período encaminhou emendas parlamentares para Natal e o Rio Grande do Norte, que ficaram pendentes: “Destinei mais de R$ 25 milhões, mas só foram pagos R$ 18 milhões, então foi um saldo bom pra quem não tem emenda de nada”.
Mas, segundo a futura deputada, apesar de não ter acesso ao sistema on line na Câmara dos Deputados, alguns dos colegas que deixou em Brasília comprometeram-se em verificar “a situação de cada uma delas, vou atrás daquilo que não foi pago, se for impositiva, vou judicializar”.
Depois que reassumir mandato na Câmara Federal, Carla Dickson disse que deverá acompanhar, principalmente, temas que versem sobre políticas de prevenção e combate à violência contra a mulher e que atendam à infância e juventude. “São temas que me são caros, descobri com Damares Alves (ex-ministra da Justiça e atualmente senadora da República), em Nova Iorque, quando era montada a Casa da Mulher Brasileira, que o combate à violência contra a mulher é algo para mim, inegociável e um dos lados que eu observei foi o tráfico de mulheres e crianças”.
Na época, segundo Carla Dickson, algumas coisas ficaram pendentes a partir da instituição de uma subcomissão com essa finalidade, na Comissão de Relações Exteriores, “que não pude dar continuidade, a intenção nossa era trabalhar a parte preventiva de como uma mulher pode estar sendo vítima de um tráfico humano”. Segundo Carla Dickson, “era uma coisa que meu marido (ex-vereador e ex-deputado Albert Dickson) não queria de jeito nenhum, porque a gente mexe em coisa muito poderosa, mas é algo a gente vai trabalhar com a parte de prevenção, a repressão a gente deixa com o FBI e com a Polícia Federal”.
A nova deputada federal pelo Rio Grande do Norte, disse que chamou a sua atenção, por exemplo, o fato de que na época estouraram um cativeiro em que entre as brasileiras, uma das duas mulheres tinha sido aliciada dentro da embaixada americana em Brasília: “Alguém pega o passaporte e a mulher vai ser escrava sexual, as histórias são muitos tristes”.
Carla Dickson cita como um dos projetos que deve ajudar em Natal, dentre outros, a construção do primeiro centro de referência do autismo, na Zona Norte, para o qual já havia destinado R$ 1,5 milhão em emenda parlamentar. “Essa obra está 40% dela pronta. Só que um pedaço de terra pertence ao Estado. E essa obra está paralisada”.
Então, explicou ela, uma das coisas a fazer quando voltar à Câmara dos Deputados, “é cobrar do governo do Estado a liberação desse pedaço de terreno para essa obra terminar”.
Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Pablo Valadares