O setor de transporte público enfrenta um novo desafio desde o último sábado (1º), quando a Petrobras reajustou o preço do diesel para as distribuidoras. Com um aumento de 6,3% no valor do combustível, equivalente a R$ 0,22 por litro, as empresas de transporte de passageiros alertam para os impactos diretos no equilíbrio financeiro do setor. A Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (Fetronor) alertou que esse é mais um elemento que impacta sobre os custos operacionais e que pode refletir no preço da tarifa do transporte público, especialmente o intermunicipal.
Segundo o presidente da entidade, Eudo Laranjeiras, o aumento do combustível, que representa um dos principais insumos do transporte coletivo, pode comprometer a manutenção e a ampliação da frota, além de afetar a qualidade do serviço prestado à população. “O transporte público é essencial para a mobilidade urbana e para a economia, e esse aumento no custo do diesel impacta diretamente a qualidade do serviço”, afirmou.
Segundo Laranjeiras, o diesel corresponde a cerca de 35% dos custos operacionais das empresas. “Se você botar R$ 0,22 de aumento da Petrobras e considerar os 35%, isso representa quase R$ 0,08 na tarifa. Mas como fazer um novo reajuste logo após um aumento recente? Esse custo fica dentro do setor e as empresas precisam absorvê-lo, o que compromete investimentos em frota e melhorias”, destacou, referindo-se ao transporte coletivo de Natal, cuja tarifa passou de R$ 4,50 para 4,90 no último dia 29 de dezembro.
A Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) informou que não discute o assunto no momento, mas reconhece a preocupação com o aumento dos custos do setor. “No entanto, como a política de preço dos combustíveis é uma definição do Governo Federal, o órgão acompanhará os desdobramentos”, informou a pasta por meio de nota.
Mas o dirigente da Fetronor também alertou para o impacto no transporte intermunicipal, que já acumula mais de um ano sem reajuste tarifário. “O estado está concluindo estudos para que a gente possa discutir um reajuste das empresas intermunicipais, que com certeza isso virá. Primeiro porque já faz mais de um ano e, segundo, que há essa mudança no principal insumo que vai ser um ingrediente a mais nas discussões”, disse Laranjeiras.
Para reduzir os efeitos da alta dos combustíveis, a federação sugere medidas como subsídios diretos ao transporte público e priorização de faixas exclusivas para ônibus. “Melhorar a fluidez do trânsito reduz o consumo de combustível e melhora a qualidade da viagem. Mas, acima de tudo, é necessário encontrar soluções que não penalizem as empresas e os passageiros”, reforçou Laranjeiras.
A Fetronor defende um debate mais amplo sobre a política de preços dos combustíveis e os impactos para setores estratégicos da economia, como o transporte público. “O governo precisa ter cuidado, porque o diesel não afeta apenas os ônibus. Caminhões de carga também sentem o impacto e, nesse caso, os aumentos são repassados imediatamente para o frete. O custo final recai sobre a população”, alertou.
Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Alex Régis