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domingo, 23 de março de 2025

Cidade pequena, salário gigante: RN tem o prefeito com maior salário do Brasil, entre os pequenos municípios

 


No interior do RN, o prefeito de São José do Seridó, Jackson Dantas (MDB), tem um salário turbinado. Ele recebe R$ 25 mil por mês — o maior salário entre todos os prefeitos de cidades com até 10 mil habitantes do Brasil. O levantamento foi feito pelo jornal Folha de S.Paulo, que analisou os salários “turbinados” de prefeitos de pequenas cidades.

 Com uma população estimada em 4.558 habitantes e receita anual inferior a R$ 30 milhões, o município potiguar lidera um ranking polêmico: o de cidades pequenas com chefes do Executivo ganhando como executivos de multinacionais. O valor pago em São José do Seridó supera o salário de muitos prefeitos de capitais e expõe o descompasso entre a realidade local e a remuneração pública.

 O levantamento da Folha mostrou que São José do Seridó não está sozinho. A prática de turbinar salários por meio de projetos aprovados pelas próprias câmaras municipais vem se repetindo em diferentes regiões do país:

                 Em Divinópolis de Goiás (GO), com pouco mais de 5 mil habitantes, o prefeito também recebe R$ 25 mil mensais.

                 Em Bom Jesus do Tocantins (PA), outro município com menos de 10 mil moradores, o salário do prefeito é de R$ 24 mil.

                 Já em Novo Tiradentes (RS), com cerca de 2 mil habitantes, o gestor ganha R$ 23,8 mil por mês.

 

 O grande contraste

Enquanto prefeitos de cidades pequenas chegam a salários desproporcionais, gestores de municípios muito maiores recebem menos. Em Campina Grande (PB), segunda maior cidade da Paraíba, com cerca de 420 mil habitantes, o prefeito ganha R$ 22 mil. Em Cuiabá (MT), capital com mais de 600 mil habitantes, o salário do prefeito é de R$ 18,9 mil.

 Esses exemplos escancaram o descompasso: em cidades com orçamentos muito mais robustos e demandas infinitamente maiores, os gestores recebem menos do que prefeitos de pequenos municípios que, muitas vezes, enfrentam dificuldades até para manter serviços básicos.

 Embora os reajustes estejam dentro da legalidade — desde que aprovados pela câmara municipal na legislatura anterior —, o debate ético ganha força: faz sentido uma cidade com tantos desafios básicos pagar salários tão altos a seus gestores?

 Especialistas em contas públicas e representantes de instituições de controle ouvidos pela Folha apontam que a ausência de critérios proporcionais à arrecadação e ao porte dos municípios estimula distorções. O resultado: cidades pequenas com serviços precários, mas com prefeitos remunerados como se governassem metrópoles.