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quarta-feira, 9 de abril de 2025

Com UPAs superlotadas, pacientes relatam longa espera por atendimento


 As Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) da capital têm registrado um aumento na procura por assistência em decorrência de casos suspeitos de viroses e arboviroses, gerando superlotação e longas horas de espera, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS/Natal). Na tarde desta terça-feira (7), a reportagem esteve nas UPAs de Pajuçara e Potengi, ambas na zona Norte da cidade, e constatou a situação. A SMS explicou que os casos, somados “à urgência e emergência, tem acarretado em um tempo de espera maior para os pacientes não urgentes”, já que o protocolo das unidades segue uma classificação de risco.

Na UPA do Potengi, os atendimentos diários passaram de cerca de 350 para aproximadamente 420, uma alta de 20%. Arielle Santos, de 25 anos, chegou ao local por volta das 14h desta terça com dores na lombar. Uma hora e meia depois e ela sequer tinha passado pela triagem. “Na recepção falaram que iam chamar pelo nome, mas até agora nada. Faz cinco dias que estou assim. Há três dias fui na UPA de Pajuçara, mas estava ainda mais lotada. Hoje, vou esperar aqui, porque não consigo ir trabalhar com dor”, contou ela ao demonstrar preocupação com o tempo de espera pela consulta.

“Apesar de ter chegado há pouco mais de uma hora, a espera pode ser grande. Alguns pacientes que chegaram às 9h ainda estão sendo chamados. Tem gente que não tem paciência e vai embora sem ser atendido”, disse. A demora também era a preocupação de Gabriela Moreira, de 38 anos. “Cheguei há uma hora e meia, estou com cansaço e calafrio, mas não tenho expectativa de ser atendida”, desabafou. A situação era semelhante à de Sara Beatriz, de 21 anos. “Cheguei e só pediram meus documentos na recepção, mas sem que fosse dada previsão de atendimento”, falou ela, que estava com dores na barriga.

Além da longa espera, quem precisar fazer um raio-x na UPA de Potengi, ficará sem o serviço. O aparelho está quebrado há cerca de dois meses, segundo a direção. Por conta disso, Artur Barbosa, de 24 anos, foi em busca de assistência na UPA de Pajuçara. “Estou com dores no joelho, que acabei machucando na segunda-feira. Preciso fazer um raio-x, fui na unidade do Potengi, mas disseram que estava quebrado. Só que cheguei aqui [na UPA de Pajuçara] às 11h. Já são 16h e nada de atendimento. Pelo menos soube que aqui o equipamento está funcionando”, contou.

Caroline Eduarda, de 34 anos, chegou à unidade de Pajuçara um pouco depois, às 12h30, mas estava apreensiva por causa da longa espera. “Fizeram a triagem e mais nenhum outro procedimento. Estou com infecção intestinal, com um mal estar muito grande”, falou. A direção da UPA de Pajuçara não quis falar com a reportagem. Procurada, a SMS Natal informou que a razão da superlotação nas unidades é a “demanda maior para atendimentos de pacientes que apresentam casos menos graves, como síndromes gripais, arboviroses (como dengue, Zika e Chikungunya) e outras patologias não urgentes”.

A pasta salientou que, por se tratar de um serviço de porta aberta, as unidades estão suscetíveis “a momentos de grande procura pela população, mas que todos os atendimentos estão sendo realizados”, com expectativa de regularização do fluxo o mais breve possível. “O protocolo de atendimento nas UPAs é feito por classificação de risco, que prioriza os casos mais graves. Para casos menos graves, a estimativa de atendimento é de, em média 240 minutos (cerca de 4 horas), podendo o paciente ser encaminhado para uma Unidade de Saúde”.

A SMS orientou qual deve ser o perfil do público que pode procurar atendimento nas UPAs. Segundo a pasta, são pessoas que apresentem casos como febre alta acima de 39°C; fraturas e cortes com pouco sangramento; parada cardíaca; infarto (dor no peito); derrame (AVC); queda com torção e dor intensa ou suspeita de fratura; reação alérgica grave; mordida de animais; acidente de carro/moto; cólicas renais; falta de ar intensa; crises convulsivas; ferimento por arma de fogo ou objeto cortante; dores fortes no peito; vômito constante, queimaduras e tentativa de suicídio.

Sobre o aparelho de raio-x da UPA Potengi, a Secretaria de Saúde explicou que “o equipamento teve que passar por um processo de reposição de uma peça, e a Secretaria aguarda retorno da empresa responsável pela substituição. Os pacientes que necessitam do exame de radiografia são direcionados para a realização do procedimento em outros serviços de saúde do município, não ocorrendo prejuízos ao acolhimento dos usuários”.


Fonte: Tribuna do Norte

Foto: Anderson Régis