Economia
de recursos para pagar os juros da dívida pública, o superávit primário poderá
fechar o ano acima da previsão oficial de R$ 13,5 bilhões, disse hoje (29) o
secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle. Em entrevista para explicar o
resultado das contas públicas em agosto, ele disse que vários fatores ajudarão
as contas públicas neste ano.
O
secretário citou o pagamento de dividendos da Petrobras à União, os
contingenciamentos recentes feitos para cumprir o teto de gastos e o
empoçamento de recursos em ministérios. Problema que afeta principalmente
emendas parlamentares, no empoçamento, os órgãos são obrigados a empenhar
(autorizar) verbas, mas não conseguem gastar nem remanejar as dotações.
Na
semana passada, o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas tinha projetado
superávit primário de R$ 13,5 bilhões para este ano, o primeiro resultado
positivo anual desde 2013.
De
acordo com o relatório, o superávit poderia ficar em R$ 37,5 bilhões não fosse
o pagamento de cerca de R$ 24 bilhões referente ao acordo entre a União e a
prefeitura de São Paulo para extinguir a ação judicial que questionava a posse
do aeroporto Campo de Marte. Segundo Valle, o resultado deverá ficar mais
próximo de R$ 37,5 bilhões do que dos R$ 13,5 bilhões anunciados na semana
passada.
Dívida
pública
Para
o secretário do Tesouro, o Brasil está “muito bem posicionado” no cenário
econômico para atravessar as eleições. Segundo Valle, o país está combinando
bons resultados fiscais com eficiência na política monetária. Isso porque as
contas públicas deverão fechar o ano com superávit primário, enquanto o Banco
Central aumentou os juros mais rápido que as economias avançadas e está
conseguindo segurar a inflação.
Segundo
Valle, após sair na frente no ajuste de sua política monetária e com bons
resultados fiscais, o Brasil viverá um cenário positivo para investimentos
depois da definição sobre os ajustes de juros nos Estados Unidos. “A dívida
pública é uma ‘não preocupação’, tanto que o Brasil deve fechar o ano com queda
no endividamento, menor até que em 2019, enquanto a dívida de outros países
continua crescendo após a pandemia de covid-19”, declarou o secretário.
Valle
ressaltou que o Tesouro Nacional tem um confortável colchão de liquidez para
gerenciar a dívida pública. Ontem (28), o órgão divulgou que essa reserva, em
torno de R$ 1,1 trilhão, consegue cobrir 10 meses de vencimentos da dívida
pública brasileira.
Segundo
o secretário, o Brasil atrairá investimentos estrangeiros após as eleições. “Há
muita volatilidade no mercado externo, mas é consenso que o Brasil saiu na
frente, está bem posicionado”. Ele disse ter se reunido recentemente com
investidores na Inglaterra e afirmou que o investidor estrangeiro está menos
preocupado que o investidor brasileiro em relação ao quadro fiscal do país.
Segundo ele, “há muita pergunta de eleição, mas nada de diferente [do
habitual]”. Apesar disso, afirmou que acredita que, passada a eleição, haverá
boas condições de investimento no Brasil.
“Sinto
menos preocupação do investidor estrangeiro do que do brasileiro em relação ao
quadro fiscal”, afirmou.
O
secretário reafirmou que o Tesouro não tem prazo para apresentar proposta que
cria novo arcabouço fiscal para o país, que usaria a evolução da dívida pública
como âncora. Segundo ele, o órgão ainda está fechando um texto sobre o assunto.