A alta do dólar entrou para o balanço de riscos do Comitê
de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e representa o novo fator
conjuntural que pode prejudicar a queda da taxa básica de juros do país, a
Selic – hoje fixada em 10,50% ao ano.
É isso o que mostra a ata da última reunião do Copom,
realizada entre 30 e 31 de julho, divulgada nesta terça-feira (6/8). No
documento, o BC afirma que “não hesitará em elevar a taxa de juros para
assegurar a convergência da inflação à meta, se julgar apropriado”.
Segundo a ata, a taxa de câmbio foi um dos temas
“amplamente debatidos” no encontro. O documento diz que os “fluxos de capital
refletem um fenômeno global de aversão ao risco, que, a depender dos
fundamentos de cada economia emergente, pressiona a taxa de câmbio com
intensidade variável”.
No texto, os integrantes do Copom também citam o avanço das
expectativas da inflação como um problema para a queda da Selic. Afirma a ata:
“Os movimentos recentes de alguns dos condicionantes para a dinâmica da
inflação, tais como as expectativas de inflação e a taxa de câmbio, foram
amplamente debatidos”. A seguir, acrescenta: “Observou-se que, se tais
movimentos se mostrarem persistentes, os impactos inflacionários decorrentes
podem ser relevantes”.
“Impactos deletérios”
O Comitê do BC também mencionou a questão dos gastos públicos na ata. Ele
afirma ter acentuado a “visão de que o esmorecimento no esforço de reformas
estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as
incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a
taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da
política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos
de atividade”.
Além disso, observa o Comitê, “notou-se que a percepção
mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a
sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente, junto com outros fatores, vem
tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas”.
Mercado de trabalho
O Copom também reforçou na ata a preocupação com o mercado de trabalho e a
atividade econômica, que “seguem com maior dinamismo do que o esperado”. “Com
relação ao mercado de trabalho”, diz o texto, “ressaltou-se que o nível de
ocupação, a taxa de desocupação e a renda vêm sistematicamente surpreendendo”.
Novo aumento da Selic
O Copom, unanimemente, avaliou ainda que o momento é de “maior cautela e de
acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação”. “À luz desse
acompanhamento, o Comitê avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a
estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo
levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o Comitê,
unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para
assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.
Fonte: Metrópoles
Foto: Raphael Ribeiro