O governo de Daniel Ortega na Nicarágua ameaça expulsar o
embaixador brasileiro Breno de Souza Brasil Dias da Costa. O gesto, considerado
grave em linguagem diplomática, seria o resultado do recente congelamento das
relações, depois que o governo Luiz Inácio Lula da Silva pediu a libertação do
bispo Rolando Álvarez, condenado a 16 anos de prisão pelo regime.
Segundo apurou o Estadão, a queixa se deu pela ausência do
embaixador na celebração dos 45 anos da Revolução Sandinista. Uma fonte do
Itamaraty relata que o Brasil foi notificado e pediu a Nicarágua que
ponderasse, mas que não obteve resposta. Até a publicação desta notícia, Breno
de Souza ainda estava em Manágua.
A expulsão do embaixador foi confirmada inicialmente pelo
portal Divergentes, da Nicarágua. A reportagem afirma que Manágua deu o prazo
de 15 dias para que o embaixador brasileiro deixasse o país, mas que o Brasil
evitava comentar para “evitar o escândalo”, citando diplomatas que não foram
identificados.
Lula tem relação de longa data com Daniel Ortega, que já
defendeu publicamente. Mais recentemente, ele disse a imprensa internacional
que o ditador da Nicarágua não tem atendido as suas ligações desde que tentou
interceder pela liberação do bispo.
Após audiência com o Papa Francisco em Roma no ano passado,
Lula disse que tentaria mediar a relação entre a Igreja Católica e a Nicarágua.
– A única coisa que a Igreja quer é que a Nicarágua libere
o bispo para vir para a Itália. E eu pretendo falar com Daniel Ortega a
respeito, para ele liberar o bispo. Não tem por que o bispo ficar impedido de
exercer suas funções na Igreja. Não existe essa possibilidade. Eu vou tentar
ajudar se puder ajudar – prometeu.
O Brasil chegou a expressar preocupação no Conselho de
Direitos Humanos da ONU com as violações na Nicarágua. No entanto, deixou de
assinar a declaração de 55 países – inclusive governos de esquerda de América
do Sul como Chile e Colômbia – que condenava os crimes contra humanidade
cometidos pela ditadura de Ortega.
A lista, segundo relatório da ONU, vai de execuções
extrajudiciais, detenções arbitrárias, estupros, tortura até privação da
nacionalidade e do direito de permanecer no próprio país.
Fonte: AE
Foto: Divulgação