Em meio ao aumento de casos de mpox e à circulação de uma
nova variante do vírus no continente africano, o Ministério da Saúde do Brasil
convocou para esta terça-feira (13) uma reunião para tratar da doença.
Em nota, a pasta informou que a proposta é atualizar as
recomendações e o plano de contingência para a doença no país. “Será realizada
reunião com especialistas nesta terça-feira para atualização dos serviços de
vigilância e assistência médica”.
Ainda de acordo com o comunicado, o ministério “acompanha
com atenção” a situação da mpox no mundo e monitora informações junto à
Organização Mundial da Saúde (OMS) e instituições como o Centro de Controle e
Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).
“A avaliação é que o evento apresenta risco baixo neste
momento para o Brasil”, destacou a pasta. Dados do ministério apontam que, em
2024, foram notificados 709 casos de mpox no Brasil e 16 óbitos, sendo o mais
recente em abril do ano passado.
Sobre vacinas contra a mpox, a pasta lembrou que, em 2023,
a imunização contra a doença foi realizada em um momento de emergência em saúde
pública de importância internacional, com o uso das doses liberado pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de forma provisória.
“Caso novas evidências demonstrem a necessidade de
alterações no planejamento, as ações necessárias serão adotadas e divulgadas
oportunamente”, concluiu o ministério.
Comitê de emergência
Na semana passada, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom
Ghebreyesus, anunciou que havia convocado um comitê de emergência para avaliar
o cenário de surto da doença na África e o risco de disseminação internacional
do vírus.
Em seu perfil na rede social X, Tedros detalhou que a
decisão levou em conta o registro de casos de mpox fora da República
Democrática do Congo, onde as infecções estão em ascensão há mais de dois anos.
O cenário se agravou ao longo dos últimos meses em razão do
uma mutação que levou à transmissão da doença de pessoa para pessoa, além da
notificação de casos suspeitos na província de Kivu do Norte.
Vacinação
A OMS publicou documento oficial solicitando a fabricantes
de vacinas contra a mpox que submetam pedidos de análise para o uso emergencial
das doses. O processo foi desenvolvido especificamente para agilizar a
disponibilidade de insumos não licenciados, mas necessários em situações de
emergência em saúde pública.
“Essa é uma recomendação com validade limitada, baseada
numa abordagem de risco-benefício”, destacou a entidade. No documento, a
organização solicita que fabricantes das vacinas apresentem dados que possam
atestar que as doses são seguras, eficazes, de qualidade garantida e adequadas
para as populações-alvo.
A concessão de uma autorização para uso emergencial,
segundo a organização, deve acelerar o acesso às vacinas, sobretudo para países
de baixa renda e que ainda não emitiram sua própria aprovação regulamentar em
relação às doses em questão.
A autorização para uso emergencial também permite que
parceiros como a Aliança para Vacinas (Gavi, na sigla em inglês) e o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef) adquiram doses contra a mpox para
distribuição.
“Existem, atualmente, duas vacinas em uso contra a doença,
ambas recomendadas pelo Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização
da OMS (Sage, na sigla em inglês)”, destacou a entidade.
A doença
A mpox é uma doença zoonótica viral. A transmissão para
humanos pode ocorrer por meio do contato com animais silvestres infectados,
pessoas infectadas pelo vírus e materiais contaminados. Os sintomas, em geral,
incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas),
febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.
As lesões podem ser planas ou levemente elevadas,
preenchidas com líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas que secam e
caem. O número de lesões pode variar de algumas a milhares. As erupções tendem
a se concentrar no rosto, na palma das mãos e na planta dos pés, mas podem
ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive na boca, nos olhos, nos órgãos
genitais e no ânus.
De acordo com a organização humanitária Médicos Sem
Fronteiras, a mpox requer tratamento de suporte, de forma a controlar os
sintomas da forma mais eficaz possível e evitar mais complicações. A maioria
dos pacientes tratados se recupera dentro de um mês, mas a doença pode ser
fatal quando não tratada. Na República Democrática do Congo, onde a taxa de
mortalidade da cepa existente é muito maior do que na África Ocidental, mais de
479 pessoas morreram desde o início do ano.
Primeira emergência
Em maio de 2023, quase uma semana após alterar o status da
covid-19, a OMS declarou que a mpox também não configurava mais emergência em
saúde pública de importância internacional. Em julho de 2022, a entidade havia
decretado status de emergência em razão do surto da doença em
diversos países.
“Assim como com a covid-19, o fim da emergência não
significa que o trabalho acabou. A mpox continua a apresentar desafios de saúde
pública significantes que precisam de resposta robusta, proativa e
sustentável”, declarou, à época, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
“Casos relacionados a viagens, registrados em todas as
regiões, demonstram a ameaça contínua. Existe risco, em particular, para
pessoas que vivem com infecção por HIV não tratada. Continua sendo importante
que os países mantenham sua capacidade de teste e seus esforços, avaliem os
riscos, quantifiquem as necessidades de resposta e ajam prontamente quando
necessário”, alertou Tedros em 2023.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil